As origens do urbanismo sanitarista
Glaucia Regina Ramos Muller http://www.tede.ufsc.br/teses/PGCN0211.pdf 1.1 O MOVIMENTO HIGIENISTA NO SÉCULO XIX
Não há dúvida de que o saneamento de uma maneira geral esteve sempre presente na história da humanidade, desde os tempos mais remotos. Na China e no Egito antigo, já podiam ser encontradas grandes obras de infra-estrutura como as de adução de águas para irrigação de terras cultiváveis6.
Na Grécia, já existiam diques e canais que abasteciam de água as cidades. Em Roma, no século V d.C. “os romanos eram notáveis pelo calçamento das ruas, pelo suprimento de água e pelos esgotos”7. As águas chegavam por meio de aquedutos para alimentar os banhos públicos, conforme ainda hoje se pode constatar. Na Idade Média, com o grande crescimento das cidades, o desenvolvimento das práticas sanitárias não acompanhou o aumento da população, gerando graves problemas no que diz respeito à falta de saneamento e ao surgimento das epidemias. Nos séculos seguintes, a situação não foi diferente, até que, no final do século XVIII, início do século XIX, diversas ações médicas se desenvolveram em toda Europa, promovendo estudos sobre a influência que o meio exercia sobre as pessoas. A essa corrente de pensamento, chamou-se de higienismo8.
Essas ações provocariam alterações significativas no cotidiano das pessoas e na forma das cidades. As ações higienistas apoiavam-se, inicialmente, na “teoria dos meios”, que teve suas origens sistematizada por Hipócrates, muitos séculos antes, em seu ensaio Ar,águas e lugares9, “que traçou os contornos da higiene pública em relação à escolha dos lugares e ao planejamento das cidades”10, e que “chamou o ar de alimento da vida”11 e, sendo assim, exerceu grande influência no sanitarismo do século XIX. A teoria dos meios, que passou a ser denominada assim, somente no século XIX, relacionava as características do meio físico, como clima, posição geográfica, qualidade da água, às condições de saúde