As organizações vistas como prisões psíquicas
A metáfora de Platão define a realidade como sendo composta de dois domínios, os quais são o domínio das coisas sensíveis e o domínio das idéias. Para ele a maioria da humanidade vive na infeliz condição da ignorância, ou seja, vive no mundo ilusório das coisas sensíveis as quais são mutáveis, não são universais e nem necessárias e, por isso, não são objetos de conhecimento. Este mundo das idéias, percebido pela razão, está acima do sensível que só existe na medida em que participa do primeiro, sendo apenas sombra dele.
A Análise Organizacional estuda as organizações segundo diferentes metáforas, com a finalidade de permitir interpretações e contribuir para o sucesso das organizações.
Analisar as organizações como prisões psíquicas nos auxilia a administrar e compreender processos de mudanças.
O título prisão psíquica é muito adequado porque define a organização como um fenômeno psíquico, ou seja, aquilo que existe na cabeça das pessoas, formado por processos conscientes e inconscientes quanto à criação e à manutenção. Às prisões, os indivíduos estão confinados por imagens, ideias, pensamentos e ações para os quais esses processos fazem sentido.
Os processos classificados como conscientes estão intimamente relacionados com a maneira de pensar das organizações, pela aceitação do que parece lógico sem um julgamento mais acurado. Isto caracteriza um aprisionamento do pensamento que pode conduzir a armadilhas cujas formas mais comuns são:
- armadilha pelo sucesso: quando uma empresa encontra-se num elevado nível de sucesso, não imagina, não percebe a infiltração de concorrentes com alta capacidade de expansão no mercado. Um exemplo de conhecimento comum é da indústria automobilística americana frente à japonesa.
- armadilha da organização "frouxa": institucionalização da ineficiência como no caso do controle de qualidade que permite taxas de defeitos ao invés de exigir "zero defeitos".
- armadilha pelo pensamento