As máscaras da ciência
DA CIÊNCIA* Hilton Japiassu
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Universidade Federal do Rio de Janeiro
IBICT
Falar das "máscaras da ciência", é falar de seus anteparos ideológicos e interrogar-nos, ao mesmo tempo, sobre o sentido da ciência, sobre seu sentido profundo e real, que se oculta por detrás de suas significações aparentes. Sabemos que sua significação aparente encontra-se, quer nas intenções subjetivas dos próprios cientistas, cuja preocupação fundamental seria a busca do conhecimento, quer nas intenções dos que promovem e elaboram a chamada política científica, tendo em vista, em última análise, como decorrência do aumento de produção de conhecimentos, o aumento de produção de bens. No entanto, de um ponto de vista filosófico, não podemos evitar certas questões: Por que a ciência se converteu numa espécie de poder onipotente, de mágica admirada e temida, de gigantesco processo industrializado de produção de conhecimentos? Em nome de que ela se impõe como o paradigma por excelência de toda verdade? Pode ainda ser considerada como um saber puro, como uma contemplação desinteressada e amorosa da verdade?
Ou não teria formado uma Santa Aliança com a técnica e a indústria a fim de produzir uma massa colossal de saberes e de objetos, onde certamente se encontra presente o desejo de verdade e de explicação, mas onde também se oblitera o sonho
* Palestra apresentada nos Seminários de Estudos sobre
Filosofia e Sociedade promovidos pela SEAF (Sociedade de
Estudos e Atividades Filosóficas) no dia 7 de maio de 1977 no Rio de Janeiro (Bennett)
Ci. Inf., Rio de Janeiro, 6(1): 13-15, 1977
RESUMO
A significação aparente da ciência encontra-se nas intenções subjetivas dos próprios cientistas, cuja preocupação fundamental seria a busca do conhecimento, e nas intenções dos que elaboram a política científica, tendo em vista o aumento da produção de bens como decorrência da produção de