As mulheres na Itália Renascentista
01-Segundo Burckhardt, as mulheres "estavam num pé de perfeita igualdade com os homens". Poucas afirmações em sua Civilização do Renascimento são mais equivocadas. A desigualdade entre os sexos começava no nascimento. A maioria dos bebês que eram abandonados, ou se permitia que morressem asfixiados, ou que morriam entregues a amas-secas, eram de sexo feminino, mostrando que a maioria das famílias queria filhos, não filhas.
02-As oportunidades educacionais para moças eram extremamente limitadas. Os exemplos da erudita Alessandra cala (filha de um humanista e esposa de outro) e da marquesa Isabella d'Este, que falava latim fluentemente, não devem obscurecer o fato de que, mesmo em cidades, a maioria das moças não ia à escola e somente as famílias abastadas se permitiam dar a suas filhas uma educação formal em casa. As moças respeitáveis só saiam de casa para ir à igreja (e mesmo assim com véu e sob escolta).
03-Poucos papeis adultos eram acessíveis às mulheres. De um modo geral, esperava-se que elas casassem ou se tornassem freiras ou criadas. O problema das jovens que eram forçadas a entrar para um convento porque seus pais não tinham recursos para dar-lhes um dote foi reconhecido como sério nos séculos XV e XVI. Algo em torno de 12% da população feminina de Florença era constituído por monjas (provenientes, sobretudo, dos ramos pobres de famílias proeminentes). Daí a criação em 1425 de um fundo de dotação, o Monte delle Doti, uma instituição que seria imitada em outras cidades.
04-O problema das moças forçadas a casar com homens a quem não queriam era menos seriamente considerado, embora S. Bernardino de Siena declarasse que as jovens deviam ser ouvidas na escolha de seus maridos. Não está claro se elas podiam ou não vetar normalmente pretendentes com quem antipatizassem ou por quem sentissem especial aversão.
05-A divisão de trabalho ainda não foi estudada no detalhe que merece, mas é evidente que as mulheres