AS ILUSÕES DA COR: PUREZA, MEDICINA E A PRODUÇÃO DA DIFERENÇA.
A questão da diferença foi tema recorrente aos colonizadores europeus, inclusive os portugueses. O exotismo da nossa terra e de seu habitante nativo, o índio, anunciava o contraste com os ares “civilizados” do Velho Mundo. Com a chegada do escravo negro ainda no período colonial, essa questão só se acentuou, permitindo a partir daí a construção de estratégias sociais que definissem a presença negra em nosso solo. Essas estratégias produziam imagens/modos de ser que transitavam em vários níveis de captura, que deslizam de sua definição como exótico passando por uma idéia romantizada ou alegórica 1 Extraído de Foucault (1998: 14; 1992:119) do elemento negro (Marcílio, 2002: 10). Se em um primeiro momento o escravo negro pôde ser visto através de uma ótica “positiva”, pois necessária à ordem escravocrata, não tardou para o forjamento de sua imagem de “perigoso”, a partir do prenúncio da Abolição
(Schwarcz: 2001a: 224). E esta última imagem foi aos poucos construída por nossos intelectuais ao longo dos anos a partir da absorção de um modelo racial de cunho biológico, o que permitiu expor, em um segundo momento, o negro como um problema para esse país.
Podemos assinalar que a diferença foi assumindo vários sentidos ou definições ao longo desse processo