As faces da exclusão digital e o esforço da inclusão por roseli ferrari
A exclusão digital, pelas características do contexto que envolve, tende a crescer numa especial virtualidade, sob uma muralha digital que deve convencer os olhos menos críticos de que a inclusão está ali mesmo. Esta muralha nada mais é do que a intensa carga de apelo consumista, em arranjos de notável inteligência mercadológica, que exige como suporte a infraestrutura de informática. Neste sentido, é de se supor que o acesso a esses equipamentos e mesmo às ferramentas amigáveis de conexão com a Internet, sejam franqueados mais e mais a um número cada vez maior de consumidores. Mas, para o filósofo Pierre Lévy, “não basta estar na frente de uma tela, munido de todas as interfaces amigáveis que se possa pensar, para superar uma situação de inferioridade. É preciso antes de mais nada estar em condições de participar ativamente dos processos de inteligência coletiva que representam o principal interesse do ciberespaço.”[1] Cabe então, aos interessados no autêntico processo de inclusão, reclassificar os personagens e paisagens desta história. Há que se reconhecer cidadãos, além de consumidores e assim buscar a superação da oclusão referida por Lévy em seu livro Cibercultura.[2] Ou seja, transpor a muralha digital mercadológica – e também o lixo digital gerado num submundo do ciberespaço, com típicas características de patologia social – até chegar ao espaço da inteligência coletiva gerado a toque de bits.
Esta é, portanto, a necessária diferença a ser estabelecida para referenciar a natureza das ações que possam alcançar autêntica eficiência no esforço da inclusão digital. Porque a exclusão vai estar crescendo ao lado de equipamentos e net-telinhas encantadoras.
A identificação do processo de exclusão digital, para mim, remonta as raízes da inserção, em larga escala, dos computadores no cotidiano da sociedade contemporânea. E justamente o digitador, profissional símbolo deste momento de