As diversas modalidades do saber
Nas aulas anteriores vimos algumas características imprescindíveis para entender o sentido e o alcance da filosofia, tal como se desenvolveu no Ocidente. Agora vamos concentrar nossa atenção num extremo sem dúvida chave e em torno do qual girou, ao menos a partir de Aristóteles, a consideração mais essencial da tarefa do filósofo. Ou seja, a concepção da filosofia como modo de saber.
Na linguagem atual, o termo “saber” é utilizado em distintos contextos. Fala-se de saber como funciona um aparelho, de saber realizar uma determinada tarefa como cantar, pintar ou construir um barco, de saber comportar-se numa determinada situação pública, de saber sobre informática e outras mais.
Todas estas diversas formas de saber, simplificando um pouco, podem ser reduzidas ou classificas em três grupos. Ou, pode-se dizer que fundamentalmente todo o saber pode ser classificado em: a) Saber fazer; b)Saber agir ou comportar-se; c) simplesmente saber. Para Aristóteles estes modos de saber expressavam posturas humanas específicas frente à realidade, e desde os gregos fala-se, então, dos saberes como poiesis, práxis e teoria.
a – POIESIS:
Esta modalidade de saber que o pensamento clássico grego qualificava como poiesis, e em latim facere, hoje foi assumida pela atividade técnica. É saber fazer, fabricar coisas, produzir. Seu ponto de referência constitui o fazer, a ele se dirige e nele quase se resolve. O acento do saber-fazer acaba recaindo mais sobre o fazer do que sobre o saber. Ele tem como finalidade o produto, fazer coisas.
A técnica tem sua implicação no mundo humano. A pessoa humana está instalada no espaço, isto é no mundo. Este mundo é físico, material, e considerado em seu conjunto, recebe o nome de Natureza. Não se concebe a pessoa humana fora dessa instalação material: sua vida se desenrola nesse meio e através dele.
A síntese peculiar, de corporeidade e inteligência, que é o homem, lhe confere uma relação peculiar