As considerações sobre as causas da grandeza dos romanos e da sua decadencia
Montesquieu leu muito, não apenas os clássicos, mas também os eruditos da época imperial ou mesmo dos tempos bárbaros – Procópio, Políbio, Vegécio, Apiano, Amilano Marcelino, Zózimo, Jordanes, Paulo Diácono –, hoje praticamente inacessíveis. Ao começar a redigir, no entanto, optou por um texto curto, sintético, cujo título indica a ambição de conceber uma história explicativa e cuja forma de composição atesta a vontade de solicitar incessantemente a reflexão do leitor. Um texto que não confunde história e retórica, e tampouco faz uma narrativa de acontecimentos singulares. Que, nas palavras do próprio autor, “abandona as ideias intermediárias” para ir sempre ao essencial, pois quer observar o passado para esclarecer o presente. Que busca o que é permanente por trás da precária e descontínua ordem dos fatos.
Montesquieu afirma que há uma racionalidade na história: “Não é a sorte que domina o mundo. (...) Quando o acaso de uma batalha, isto é, uma causa particular, destrói um Estado, é porque havia uma causa geral que fazia com que este Estado devesse perecer em uma única batalha.” Não se deixa fascinar pelo papel das individualidades: “Se César e Pompeu houvessem pensado como Catão, outros teriam pensado como César e Pompeu.” Mas evita cuidadosamente um determinismo histórico