As Ciências Humanas José Teodoro Jr
José de Souza Teodoro Pereira Júnior
In LEMOS FILHO, Arnaldo et alii. Sociologia Geral e do Direito. 2ªedição.Campinas:Ed.Alínea,2005
MITO E CIÊNCIA
Na antiguidade, durante a fase tribal dos povos gregos, histórias mitológicas eram narradas de geração em geração, não só como forma de fortalecer sua identidade cultural perante os demais povos da época, mas sobretudo como modo de expressar sua concepção de mundo (cosmovisão), de sociedade, de economia etc.
Boa parte dessa tradição foi recolhida e conservada, de modo que podemos ter nesse material uma espécie de fonte histórica para a interpretação daquela cultura, que foi um dos berços da civilização ocidental.
Os estudiosos de Antropologia, Filosofia e Mitologia revelam que a mitologia de um povo carrega forte carga pedagógica, na medida em que as narrativas dos feitos heróicos e divinos contém ensinamentos sobre o modo como as pessoas devem conceber o universo, a religião, o trabalho, a família, a justiça etc. Mais que um modo de afirmação perante os povos de diferentes culturas, o mito serve como auto-afirmação da identidade do povo para si mesmo, como conjunto simbólico e de práticas sociais que legitimam seu modo de vida.
Se observarmos, por exemplo, o mito de Pandora, perceberemos a presença desse conteúdo valorativo transportado pela mitologia, de modo a amalgamar os laços sociais sob ótica das práticas sociais da comunidade tribal.
Segundo a tradição mitológica grega, os deuses criaram os homens (apenas o sexo masculino) a partir da argila e os colocaram para viver na Terra. Muito embora não necessitassem trabalhar, sua condição de vida era ruim, semi-animalesca: vivam nus, não conheciam o fogo (porque os deuses haviam proibido), se alimentavam de comidas cruas e dos restos das carnes dos bois que, eventualmente, os deuses mandavam para os homens.
Prometeu, o Titã responsável pelos raios e pelas tempestades, apiedou-se da sorte humana e, tendo roubado o fogo das fornalhas