arts
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CRÍTICA
E
DANÇA:
PRODUÇÕES
HUMANAS
CORRELATAS,
COIMPLICADAS E COAFETADAS
Entender a crítica jornalística e o campo artístico da dança como produções humanas correlatas, coimplicadas e coafetadas, que se constituem mútua e simultaneamente – da forma como vimos anteriormente – só é possível, como explica Britto, se diferenciarmos
[...] o pressuposto que define as coisas como entidades dadas, daquele que as considera sistemas dinâmicos: o pressuposto coevolutivo (grifo nosso). Ou seja, a noção de que todas as coisas existentes são correlatas em alguma medida, porque partilham as mesmas condições de existência e, assim, afetam-se mutuamente. (BRITTO, 2011,
p. 13).
A autora explica que tudo que existe neste mundo, submetido à ação da termodinâmica 9, está exposto à degradação do tempo e manifesta sínteses transitórias de seus processos relacionais com o que estiver ao seu redor. “Seus estados, portanto, são sempre circunstanciais, por mais estáveis que pareçam. E seus processos interativos bem menos nítidos do que se costuma supor”. (BRITTO, 2011, p. 13).
Nesta mesma linha de raciocínio, o biólogo Dawkins trata de processos evolutivos. Para compreender melhor a relação entre crítica e campo artístico, aqui proposta, serão apresentadas algumas reflexões deste pesquisador, com vistas a uma analogia entre biologia e sistemas culturais.
Sobre tal escolha teórica, é importante frisar antes de prosseguirmos que, ao aproximarmos saberes de campos teóricos diferentes, não buscamos reduzir um campo de conhecimento a outro, em um “reducionismo voraz ou destrutivo”. De acordo com o psicólogo e professor de Harward, Steven
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Helena Katz coloca que: “depois da dinâmica newtoniana, a termodinâmica – a primeira entre as ciências não clássicas, aquela que nasceu de dois filhos da ciência do calor: da ciência da conversão de energia e da ciência das máquinas de calor. A termodinâmica estabeleceu-se garantindo que se o mundo