Artigos de Apreciação critica
Fui enganado pelo trailer de Somos tão jovens. Não gostei muito do trailer e fui ver o filme com algum preconceito. Acabei surpreso com o resultado. Embora o filme não seja perfeito, ele apresenta uma narrativa sólida que obriga o espectador a pensar.
Somos tão jovens mostra a história de Renato Russo. O caminho mais fácil para contar a história seria realizar um filme biográfico padrão, contando o começo, meio e fim da vida do compositor. Flashes de sua infância, os conflitos do sucesso, ascensão e queda, problemas com drogas. O espectador comum esperava isto, um apanhado geral da carreira de Renato Russo e a Legião Urbana. Li muitas críticas negativas acerca do filme por parte dos espectadores. Muitas pessoas saíram do cinema com a sensação de não ter compreendido nada. De fato, para quem não conhece um pouco sobre a cena roqueira inicial de Brasília, vai acabar muito confuso. Não sei qual era o objetivo da produção do filme, mas de fato o filme não é didático.
O diretor escolheu realizar um recorte e preferiu focar-se na juventude de Renato Russo. Um bom conceito, que permite compreender melhor uma face da vida do artista. Percebemos quem era Renato Russo através de cenas espalhadas de sua vida, cenas que deverão ser somadas pelo próprio espectador. O filme joga os dados e pede para que o espectador pense sobre Renato Russo e tire suas próprias conclusões. Não acho que exista mitificação do cantor neste filme, ele é apresentado de uma maneira livre e aberta. Gostei do ritmo leve da narrativa, que não joga na cara do espectador quem é Renato Russo. Seria muito fácil transformá-lo em um artista controverso e apaixonado, com conflitos com drogas ou homossexualidade. O diretor preferiu suavizar este lado e mostrar a vida de Renato Russo a partir da própria vida ao invés de somente focar em seus dramas. O cantor é mostrado como um ser humano, sem ser julgado.
Somos tão