Artigo: “A voz feminina e a relação com o épico camoniano na poesia de Ana Paula Tavares"
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – FFLCH
Letras – Noturno
Literaturas Africanas de Língua Portuguesa VI
Prof. Mário César Lugarinho
Artigo:
“A voz feminina e a relação com o épico camoniano na poesia de Ana Paula Tavares"
Carla da Silva Sampaio N°USP: 6467005
Ao levarmos em consideração as literaturas dos Países Africanos de Língua Portuguesa alguns aspectos parecem primordiais: forte tom épico, léxico próprio, relevância da sonoridade das palavras e cunho nacionalista. O artigo a seguir visa mostrar e analisar a visão feminina desse período tão conturbado das guerras de independência nos PALOPs e a relação que essa visão tem com o épico típico de Camões, com foco em Angola e através da poesia de Ana Paula Tavares.
As vozes do cenário literário africano no século XX consolidam uma luta que ocorre desde o início das guerras pela descolonização nos países africanos de língua portuguesa. Na África de língua portuguesa o processo de desvincular a língua da tradição europeia se caracteriza em obras de autores como Arlindo Barbeitos, Eduardo White, José Luís Mendonça, Luís Carlos Patraquim e Ruy Duarte de Carvalho. Distanciando-se do discursobde exaltar a luta de libertação, a poesia contemporânea opera uma revolução da linguagem, levando às últimas consequências a consciência poética de alguns poetas de Angola.
Uma outra autora que seguiu essa tendência foi Ana Paula Tavares, que escreveu em 'resposta' à épica de Camões. Ela lança seu olhar feminino sobre o país e esse olhar se difere dos olhares poéticos da época. O sujeito poético feminino deixa de ser aquele que se posiciona a favor de quem faz a revolução masculinamente; não é mais um poema a rimar com revolução, alfabetização, povo ou nação. O tema muda; vozes femininas são evocadas e o silêncio que as habita também. Diversas mulheres, desde quase anônimas até as comuns, que