Artigo Stent
A discussão sobre a segurança do stent armacológico impulsiona pesquisas de novas tecnologias para aumentar a eficácia da terapia ao longo do tempo
Prestes a completar 30 anos, a cardiologia intervencionista se vê às voltas com uma discussão delicada: a segurança e a eficácia dos stentsfarmacológicos. Considerado uma terapia imbatível no combate à reestenose, o stent farmacológico seria responsável pela maior incidência de morte por infarto agudo do miocárdio e trombose, comparativamente aostent convencional. O alerta foi lançado pelo pesquisador Edoardo Camenzind, do Hospital Universitário de Genebra (Suíça), no Congresso Europeu de Cardiologia, em setembro de 2006, baseado em uma metanálise de quatro grandes trabalhos sobre o assunto1. A polêmica foi tamanha que a Food and Drug Administration (FDA) - a agência reguladora de alimentos e medicamentos dos EUA - promoveu uma reunião de especialistas, em dezembro do mesmo ano, para esclarecer o assunto. Os participantes consideraram a metanálise de Carmezind inconsistente, do ponto devista metodológico, e chegaram ao consenso de que o stent farmacológico apresentava os mesmos resultados do convencional, em relação à mortalidade e aos eventos cardíacos tardios como infarto, além de não ter qualquer relação com aumento na incidência de câncer. Embora inclua risco mais elevado de trombose, ostent farmacológico era eficaz no tratamento da reestenose - a reobstrução da artéria que ocorre quando há o espessamento da cicatrização do endotélio -, concluía o painel da FDA. E dizia mais: o risco de trombose poderia ser amenizado no curto prazo pela manutenção de medicamentos antiplaquetários para além de um ano de implante. No longo prazo, pesquisas tecnológicas em andamento devem levar a novos materiais e a combinação de drogas mais seguras, explica o Dr. Expedito Ribeiro, médico hemodinamicista do Instituto do Coração (InCor), em São Paulo, que acompanhou a discussão. As conclusões