Artigo sobre o filme Sócrates
Resumo: Pretendemos com este artigo demonstrar a filosofia como uma atividade pública, diagnóstico tenaz, levando em consideração o método socrático como um agente purificador de falsas opiniões. Desta maneira, mostramos a atitude vivencial socrática de preocupação com a verdade, apontando aproximações entre o filme Sócrates, de Roberto Rosselini e o dialogo platônico Crátilo.
Palavras chave: Verdade, Sócrates, Platão, Linguagem, Justiça, Método.
Acreditamos que os conhecimentos socráticos confundem-se com a vida de Sócrates, pois este nada escreveu. Tudo que sabemos sobre este autêntico ser inquieto é transmitido por quatro personalidades filosóficas: Aristófanes, Platão, Xenofonte e Aristóteles. Disso, muita controvérsia transparece, pois “diferentes Sócrates” e em alguns trechos, inclusive contraditório. O retrato desnudado de Sócrates apresentado por Platão é mais interessante pela vastidão de vezes que, nos diálogos platônicos, Sócrates é posto como central, figura que conduz articulando com seu método de purificação.
Os diálogos platônicos constituem os testemunhos mais abrangentes sobre Sócrates, mas também e, sobretudo porque o Sócrates que exerceu maior influência, tanto sobre a filosofia grega ulterior como sobre a tradição filosófica ocidental, é o Sócrates de Platão.1
Sócrates era uma personalidade crítica em constante busca da verdade. Um de seus “alimentos vitais” era a justiça, como princípio e finalidade a ser alcançada, através da operação do método purificador. Decidimos interpretar por método purificador a atitude socrática de exame argumentativo que se desenrola no quadro de uma discussão dialética, entre um questionador e um respondente. Para alcançar seu fim, isto é, demonstrar que o respondente defende propósitos contraditórios sobre o mesmo tema, o questionador (Sócrates) opera, sob formas de perguntas, diversas