Artigo Serapiao
PARALELOS (E TRANSVERSAIS) NA HISTÓRIA DA CASA PAULISTA
A CASA É UM TEMA UNIVERSAL. O PROGRAMA DE NECESSIDADES É O MESMO EM QUALQUER PARTE DO MUNDO: DORMIR, COMER, OCUPAR-SE DOS TRABALHOS DOMÉSTICOS, RELACIONAR-SE COM OS VIZINHOS, CRIAR OS FILHOS, CUIDAR DA HIGIENE PESSOAL, RECEBER AMIGOS ETC
O que muda são os hábitos e costumes, conforme a época e o lugar. Mas será possível a existência de formas espaciais peculiares e regionais? No momento em que a cidade de São Paulo completa quatro séculos e meio, cabe perguntar: as casas ali construídas possuem espacialidade própria? Como se deu a evolução do espaço doméstico local? Podemos estabelecer alguns paralelos entre residências de épocas diversas?
As construções paulistanas, ao longo desses quatro séculos e meio, são divididas pelos historiadores em três fases bem-definidas, de acordo com a técnica construtiva empregada: taipa de pilão, alvenaria de tijolos e concreto armado. Conseqüentemente, essas técnicas marcam também a arquitetura de cada época: colonial/taipa, eclética/tijolo e moderna/concreto.
A residência unifamiliar, além da arquitetura em si, envolve mudança de hábitos e costumes sociais. De uma época em que a privacidade era protegida pela conformação espacial das casas, passamos a morar em volumes transparentes. Se no passado a mulher comandava uma legião de escravos, hoje homens e mulheres utilizam equipamentos que facilitam a vida doméstica, como máquinas de lavar roupas e microondas.
A capela doméstica, que reunia a família e os agregados, foi substituída pela telenovela. Se no passado não havia banheiros no corpo da casa, hoje é comum a presença deles em todos os quartos, resultado da busca obsessiva de privacidade e conforto.
Quanto aos profissionais envolvidos na construção das casas, no período colonial, pouco sabemos. Conhecemos o padre jesuíta Afonso Brás, considerado o iniciador da taipa na cidade, o primeiro arquiteto local. Naquela época, foram utilizadas