Artigo Pessoas Não São Recursos
Durante toda minha vida como executivo, pensei e repeti inúmeras vezes que ninguém é insubstituível. Em seu sentido abstrato, o pensamento por trás desta frase está correto, uma vez que o posto de trabalho de quem deixa uma empresa pode ser facilmente reocupado.
Há alguns dias assisti uma entrevista do famoso humorista Chico
Anysio, que afirmou que nunca mais existirá um Grande Otelo, ou outro
Oscarito, outro Mussum ou Francisco Milani. Chico completou seu raciocínio dizendo que o ser humano é único e insubstituível.
Refleti um pouco sobre isso e, naquele momento, me dei conta de que minha crença de décadas estava errada. Não existem dois seres humanos iguais, com o mesmo DNA, com as mesmas experiências de vida ou o mesmo conhecimento. Uma empresa pode repor um “recurso” de um posto de trabalho, não uma pessoa com todas as suas características. Cada ser humano é insubstituível e nenhuma empresa é capaz de repor a experiência e o conhecimento tácito que parte com cada funcionário que deixa a organização.
Recursos são descartáveis e substituíveis como máquinas quando apresentam algum defeito, pessoas não. Pessoas, quando não mais se ajustam ao contexto de uma organização precisam ser tratadas com dignidade, pois uma demissão causa tremendo sofrimento àqueles que são dispensados, a quem dispensa e especialmente aos que permanecem na empresa. Efeitos nefastos para uma organização escondem-se intrinsecamente neste conceito de pessoas como recursos descartáveis. Não quero dizer que, em determinadas circunstâncias, pessoas não devam ser substituídas por inadequação ao contexto de uma organização, mas que a maneira como muitas empresas conduzem o processo de demissão, pode e deve ser humanizada.
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O próprio nome do departamento responsável por cuidar do corpo funcional está equivocado, pois ao intitular-se “Recursos Humanos”, o conceito reafirma pessoas como recursos e seus