Artigo Filosofia
O que faz o ser humano se definir como ser racional, como ser social, como não selvagem é sua relação com os outros humanos em sociedade. Só há sociedade se houver limites, acordos para as relações não serem uma bagunça. E o que seria essa “bagunça”? Uma desorganização cultural, que acabaria em uma desorganização econômica também. A constituição da cultura só é possível por meio da racionalidade inerente à natureza humana, juntamente com sua capacidade de organização social.
Se os humanos fossem racionais apenas, agiriam de acordo com as leis naturais apenas, seguindo sua natureza. Mas somos mais que naturais, somos sociais também. Nesse ponto podemos identificar a liberdade natural do ser humano, ao submeter-se às leis da natureza, e a liberdade social, que é a sujeição da pessoa humana ao que foi estabelecido socialmente, em conjunto.
O ser humano, ao organizar-se em sociedade, tem a capacidade de formar instituições, de estabelecer limites sociais para as ações naturais, evitando que cada pessoa aja por si, em sua causa; há instâncias do estado, por exemplo, que ditam regras a que todos devem submeter-se para viverem em igualdade de direitos.
Imaginemos uma pessoa que não vive entre humanos, que vive na selva com outros animais. Ela seria humana? Sim, seria uma pessoa. Mas como agiria? Como ser humano? Falando, escrevendo, organizando a sociedade? Comendo à mesa, usando o banheiro? Certamente, agiria como os outros animais com que vive. Teria a capacidade de agir humanamente latente, porque ainda seria racional. Mas sua sociabilidade não estaria evidenciada por viver apenas entre os irracionais. Nietzsche inicia “Assim falava Zaratustra” com um exemplo dessa insociabilidade a que nos referimos: o personagem principal, que dá título ao livro, é um questionador da cultura e da civilização, passa dez anos longe de contato com outras pessoas, longe das relações humanas e, principalmente, de seus