ARTIGO DE OPNIÃO
"Que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental". Parece que esse pensamento de Vinicius de Moraes tem sido levado às últimas consequências em nossos dias, nos quais a beleza física é tida, não só como fundamental, mas, em muitos casos, torna-se uma obsessão. É hipocrisia afirmar que a beleza não é importante, pois o ser humano pode e deve cuidar de si mesmo, ter a auto-estima elevada e sentir-se bem, de modo a visar a paz com seu interior. Porém, é imprescindível analisar os limites dessa linha tênue, em que a beleza ultrapassa os limites do bom senso e passa a ser algo doentio e até mesmo ameaçador.
Academias lotadas, clínicas de cirurgia plástica cheias, pessoas anoréxicas, uso indiscriminado de anabolizantes... Estamos cercados de exemplos em que a beleza física supera os limites da normalidade e da coerência. As pessoas arriscam sua vida e sua saúde simplesmente por não estarem satisfeitas com sua aparência, nunca se acham o suficiente para se enquadrar no maldito "padrão de beleza do século XXI", cuja função nada mais é do que "coisificar" o ser humano, fazendo-o acreditar que, para ser aceito, precisa ser como os outros. Quanta futilidade! A verdadeira beleza está na diversidade, nas peculiaridades de cada um. Se fôssemos todos iguais, a vida não seria tão bela quanto é.
A beleza física, ao invés de constituir uma preocupação saudável, passa a ser uma prioridade para muitas pessoas. Isso pode ser constatado em uma pesquisa feita pela MTV, em parceria com o Datafolha. Os jovens foram questionados se trocariam 25% de inteligência pela mesma proporção de beleza. 15% foram francos o suficiente para admitir a troca. A beleza é algo efêmero, porém, mesmo assim, é o "objetivo de vida" de muitas pessoas. Uma sociedade onde a beleza ganha mais valor que a inteligência, de fato, não prioriza o conteúdo.
Pode parecer radical, mas, ao tentar encontrar uma explicação para isso, não consegui pensar em algo diferente, senão