artigo de opini o
ARTIGO - CARLOS ALBERTO SARDENBERG
Publicado: 31/10/13 - 0h00
Essa história da espionagem americana está cada vez mais complicada, e vai ficar pior. A chamada comunidade de inteligência de Washington, que inclui políticos, formadores de opinião e funcionários do setor, saiu em defesa própria, dizendo que agências de outros governos também espionam líderes americanos. Algo assim: está todo mundo esculhambando a NSA (Agência Nacional de Segurança dos EUA), mas a verdade é todo mundo faz a mesma coisa e que eles (da NSA) sabem de tudo muito bem.
Uma ameaça, não é mesmo?
Vai piorar nessa direção — se os americanos resolverem vazar o que certamente sabem sobre a espionagem dos outros. Comentou James Clapper, diretor geral da Inteligência Nacional da administração Obama: “Tentar decifrar as intenções de líderes estrangeiros é a função básica das operações de inteligência de qualquer governo”.
Por outro lado, há aí um efeito positivo. Acusações e contra-acusações já conduzem a um bom debate, especialmente nos EUA, sobre a competência dos atuais órgãos de espionagem, a extensão de sua atuação e os limites que devem ser impostos.
O resumo do que aconteceu está na cara: depois da série de sangrentos atentados terroristas, que começou nas torres de Nova York, passou por estações de Londres e Madrid e diversos outros locais e nações, os governos dos países que eram alvos óbvios remontaram seus sistemas de segurança. E os ampliaram de tal modo que estes ganharam autonomia, uma dinâmica própria que os coloca fora do controle dos governantes eleitos.
O que Obama sabia ou sabe agora? Em algum momento ele vai ter que dizer algo e dificilmente encontrará uma boa saída. Se ele sabia de tudo, inclusive dos grampos, então claramente mentiu e exorbitou de suas funções. Se não sabia de nada, então quem é que manda lá?
Já no Brasil — falando fracamente — o que nos falta é uma boa espionagem. Esses grupos que estão quebrando e tocando fogo em várias cidades certamente