Artigo 4 Os Desastres De Sofia
A INTERCAMBIAÇÃO DOS LUGARES SOCIAIS EM OS DESASTRES
DE SOFIA DE CLARICE LISPECTOR.
Fábio Luís Fazilari1
Resumo
Este artigo objetiva demonstrar como “Os Desastres de Sofia” questiona os lugares sociais dentro do contexto escolar e a relevância da obra como um difusor de novas perspectivas para o papel social do professor.
Palavras-chave: ensino- intercambiação - literatura.
Abstract
This paper aims to demonstrate how “Os Desastres de Sofia” discusses social places within the school context and the relevance of this work as a diffuser of new porposes for the social role of teachers.
Keywords: education-exchanging-literature.
Em “Os Desastres de Sofia”, conto pertencente à antologia Felicidade
Clandestina de Clarice Lispector, o leitor torna-se partícipe de um jogo engendrado por uma aluna de nove anos cuja meta é ensinar o professor, de certo modo, a ser. Ser feliz clandestinamente. A garota toma para si a missão de despertar no professor a essencial e simples vocação da humanidade que, quando adulta, expatria-se de seu domínio: a vida.
Incita-o, corajosa e descontroladamente a aprender a viver sem a agonia de suportar uma existência sobre os ombros. A imagem da violenta resignação à qual o professor se submetia, convidava a menina a jogar com ele, como adversária aparente, mas em essência, eram companheiros da mesma equipe:
O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros contraídos. Em vez de nó na garganta, tinha ombros contraídos [...]. Eu era atraída por ele. Não amor, mas atraída pelo seu silêncio e pela controlada impaciência que ele tinha em nos ensinar e que, ofendida, eu adivinhara. (LISPECTOR, 1996, p. 108).
1
Mestre em Letras pelo programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Presbiteriana
Mackenzie.
2
A irresolução do mestre, sua existência tangenciando o limiar do latejo da vida quase nula, desafiava a aprendiz a jogar com ele no acaso dos dados arremessados, cujas faces representativas tombariam ou em amor ou em ódio. A detentora