Artigo_2
ISSN
1679-1614
CONCENTRAÇÃO DE MERCADO E PODER
DE MONOPSÔNIO NA INDÚSTRIA
BRASILEIRA DE ESMAGAMENTO DE SOJA1
Lucinéia Hipólito de Carvalho2
Danilo R. D. Aguiar3
Resumo - Este trabalho teve por objetivo analisar os impactos das mudanças estruturais na indústria de esmagamento de soja sobre o desempenho econômico do complexo soja. Verificou-se que a tendência de concentração da indústria esmagadora de soja, já identificada em trabalhos referentes à década de 1990, acentuou-se no início da década de 2000. Os resultados da análise do poder de mercado deram suporte à hipótese de exercício de poder monopsônico na compra de soja em grão. Os resultados indicaram que tem sido viável, para as empresas processadoras, o exercício de poder de mercado em relação aos produtores de soja. Além disso, o fato de o exercício de poder de mercado estar sendo restrito aos mercados em que há maior capacidade ociosa por parte da indústria, aponta que o exercício de poder se dá de maneira menos intensa, em que os processadores possuem menor poder de barganha em relação aos produtores. Nesse sentido, estratégias de ação conjunta na comercialização de soja em grão, via cooperativas ou outras formas de parcerias entre os produtores, poderiam ser uma forma eficaz de confrontar o crescente aumento de poder da indústria esmagadora.
Palavras-chave: Poder de mercado, concentração de mercado e indústria de soja.
1. Introdução
A indústria de esmagamento de soja tem experimentado substanciais transformações, no Brasil, desde o início da década de 1970. No entanto, o volume de esmagamento de soja aumentou de cerca de 1 milhão de tonelada, em 1970 (Williams; Thompson, 1988), para mais de 27 milhões de toneladas em 2004 (ABIOVE, 2005). No entanto, a estrutura de mercado da indústria esmagadora tem sofrido transformações profundas.
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Recebido em 19/04/2005 Aceito em 05/07/2005
Professora de Economia da UNA em Belo Horizonte, MG.