Articular mentes, criar significado, contestar o poder
O texto de Manuel Castells traz à discussão o surgimento da indignação e perplexidade popular para com o aparato de dominação do Estado. Explicita como funcionam as relações de poder e fala sobre a importância do advento da internet sobre as recentes manifestações sociais.
O que o governo vem fazendo ao longo dos anos é monopolizar os meios de comunicação de massa como forma de consolidar e manter seu poder. “Torturar corpos é menos eficaz que moldar mentalidades” e para moldar mentes é preciso construir significado nelas. Acontece que o processo de construção de significado – apesar de a mente humana construir individualmente seus próprios significados – é regulado pelo meio de comunicação, por isso o Estado lança tantos esforços no controle dos principais meios de comunicação. Ora, se tais meios atingem massivamente a população significa que modelam a mentalidade dessa população. O que obriga os interessados no poder a deterem o controle sobre o conteúdo destes meios, pois se uma grande parcela de indivíduos vai contra as estruturas institucionalizadas algo vai ter que mudar.
O surgimento da internet apresenta-se como um problema a essa estrutura, isso porque a internet é um espaço livre deste controle. A comunicação horizontal possibilitada por esse novo canal permite que qualquer indivíduo seja um produtor/disseminador de conteúdo – o que o autor chama de autocomunicação. Esse indivíduo pode compartilhar suas experiências pessoais e insatisfações com uma gama de outras pessoas que irá ler e identificar-se com o que está escrito, há uma empatia no processo de comunicação. A internet garante autonomia aos indivíduos e, por esse motivo, é um ambiente propicio ao surgimento das manifestações.
Todos os movimentos sociais são contra a dominação que serve de base para a ordem social. Claro, apesar de os veículos de comunicação controlados pelo Estado processarem a construção de