artes
2013
Economia
Como um quadro pode valer milhões?
A arte movimenta uma das economias mais estranhas do mundo, com bolinhas coloridas e pinturas com esterco valendo milhões de reais. Entenda as regras do mercado dos artistas por Edição e Reportagem: Luiz Romero
"63 milhões de dólares. É um aviso. Estou vendendo", ameaçou o leiloeiro, "64 milhões de dólares. Ainda em tempo", continuou. Os lances, que elevavam o preço do quadro em
US$ 1 milhão a cada três segundos, eram sinalizados por placas levantadas no auditório da Sotheby's. A cena durou poucos minutos, tempo suficientes para que um recorde fosse quebrado: a venda de um quadro de Mark Rothko por US$ 72 milhões, ou R$ 144 milhões, representava, até aquela noite de 2007, o maior preço na carreira do pintor. E, mesmo com tanto dinheiro flutuando pelo lugar, o leiloeiro parecia entediado. Com o corpo apoiado num gabinete de madeira, o alemão Tobias Meyer recitava as cifras quase que com desdém.
Aqueles
milhões eram rotina.
Como explicar o preço do quadro de Rothko? E como explicar que, no mesmo leilão,
Meyer venderia uma jaqueta de couro, jogada no canto de uma galeria pelo americano
Jim Hodges, por R$ 1,3 milhão? Parece estranho, mas apenas à primeira vista, porque o mercado possui regras. E elas até que funcionam na hora de decifrar o aspecto quase surreal dos preços. Para começar, é importante encarar uma informação tão incômoda quanto verdadeira: o valor tem pouca relação com a complexidade da obra. Tome como exemplo as icônicas flores de metal do americano Jeff Koons. Mesmo simples, elas chegam a custar R$ 50 milhões. Também é preciso entender que as cifras não remetem muito à habilidade do artista. O inglês Damien Hirst, por exemplo, delega a produção de seus famosos quadros de bolinhas a assistentes, que são instruídos sobre as cores e a ordem dos círculos.
Mesmo assim, uma obra dessas já foi vendida a R$ 1,3 milhão. Tampouco importa o valor dos materiais que o