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Globo é sócia de um projeto autoritário de cidade e trata do Rio como de “grandes negócios”
por Dario de Negreiros, do Rio de Janeiro, especial para o Viomundo*
Quando Marcelo Freixo requereu a instauração de uma CPI das Milícias, em fevereiro de 2007, havia dois meses que tinha assumido pela primeira vez em sua vida um cargo eletivo.
Durante mais de um ano, o requerimento do deputado descansou, esquecido, nas gavetas da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Para que o pedido fosse aprovado, foi necessário que, em maio de 2008, três funcionários do jornal O Dia fossem sequestrados e torturados por milicianos que controlavam a favela do Batan, na zona Oeste do Rio.
O fato serviu de divisor de águas da opinião pública carioca em relação às consequências do crescimento das milícias. Até então, governantes como o ex-prefeito César Maia, o atual prefeito Eduardo Paes e o governador Sérgio Cabral não escondiam sua admiração pela “manutenção da ordem” supostamente promovida pelos milicianos nas comunidades dominadas.
Nesta entrevista, realizada no dia 16 de janeiro, no restaurante de um shopping na região de Botafogo, o deputado deixou claro que a capacidade de as milícias influenciarem o processo eleitoral no Rio continua grande.
“A milícia elege a base que sustenta o próprio governo. Ou você acha que essas pessoas são eleitas por onde? Não é em outro planeta. É aqui.”
O projeto das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), tema principal da entrevista, Freixo faz sempre questão de inserir em uma discussão maior: a de um “projeto de cidade”.
Cidade-negócio ou cidade-empresa, “entregue à lógica do mercado”, como bem explicita o professor Carlos Vainer, em entrevista recentemente publicada no Viomundo.
Essencialmente autoritário, tal projeto solapa a participação popular em nome do interesse dos seus “sócios”, dentro os quais contamos, diz Freixo, as grandes empreiteiras e as Organizações Globo, entidade que “trata dessa