Artes Pornochanchada
Por volta de 1973, a imprensa brasileira começou a se referir às comédias eróticas como pornochanchadas. Para a maior parte dos críticos, tal produção era uma distorção estética, moral, além de um reflexo da ditadura, feita para passar pelo crivo da censura e obter lucros. Os críticos atacavam a pornochanchada não por causa do aspecto ideológico reacionário dessas comédias, mas por causa do mau gosto dos filmes. Daí a importância da crítica de cinema da imprensa alternativa que batia de frente contra a tendência de condenar as pornochanchadas pelo mau gosto. O jornal Movimento, por exemplo, entre 1975-76, dedicou à comédia erótica 38% do total de matérias de cinema brasileiro ou 22% de todas as matérias sobre cinema.
Os jornais alternativos que realizavam denúncias contra o regime militar também cumpriram seu papel de fazer perguntas e questionar o cinema quando debatiam e explicavam aos leitores o significado da comédia erótica. Os debates realizados em Opinião e Movimento, principalmente por Jean-Claude Bernardet, Sérgio Augusto e Maria Rita Kehl, durante a época de produção dos filmes tornaram-se material de referência para o estudo do gênero. Abordaremos o pensamento e as divergências destes críticos sobre o tema, além de analisar as quatro principais formas de abordar a pornochanchada nestes jornais: 1) a análise do conteúdo ideológico por detrás do enredo dos filmes; 2) a inserção do gênero como um reflexo da imagem que o brasileiro tem de si, 3) a adequação da tese de Paulo Emilio Salles Gomes