Artefatos tem política?
Artefatos tem política?
Uma das discussões mais fervorosas sobre as tecnologias da comunicação vêm do questionamento se os artefatos técnicos têm qualidades políticas. Para decifrar essa questão, outros pontos devem ser esclarecidos. Lewis Mumford, em 1960, afirmou que desde o Neolítico existiram ao mesmo tempo dois tipos de tecnologia: uma autoritária (focada em sistemas, muito poderosa e instável) e outra democrática (focada no homem, mais fraca, flexível e durável). É comum que toda nova invenção venha acompanhada do discurso de que a tecnologia seria democratizadora e libertadora, mas é preciso analisar essa questão mais a fundo. É claro que os arranjos da produção industrial, da comunicação, etc., tenha modificado a atuação do poder, mas o que vem se argumentando é que as tecnologias têm propriedades políticas nelas próprias (o que parece, em um primeiro momento, equivocada, pois não importa a tecnologia por si só, mas sim todo o sistema na qual ela se insere). Isso é chamado de determinação social da tecnologia. Assim, acredita-se que a tecnologia não é resultado apenas da sua dinâmica interna, mas que sofre influências sociais e econômicas. A teoria da política tecnológica atenta aos sistemas sociotécnicos: como a sociedade responde aos processos tecnológicos e como a forma e a finalidade humana modificam-se ao adaptar-se aos meios técnicos. Ela recomenda que dê atenção às características dos objetos técnicos e aos seus significados. Essa é uma abordagem que aponta algumas tecnologias como fenômenos políticos por si só.
Arranjos técnicos e ordem social Robert Moses construiu viadutos baixos em Long Island, Nova Iorque. Por quê? Sua estrutura evitava que ônibus, veículos públicos, chegassem ao