Arte e técnica na formação do arquiteto
É conveniente, portanto, examinar com o maior cuidado a denúncia feita pelos mais destacados historiadores e críticos da arquitetura contemporânea sobre o referido divórcio que teria ocorrido entre arte e técnica no campo da arquitetura, a partir da Revolução Industrial européia no século XIX. Grosso modo, esses mestres - e entre eles Giedion, Bruno Zevi, Benevolo, Munford procuram mostrar que os arquitetos se revelaram incapazes de acompanhar o desenvolvimento tecnológico da construção, facultado pela revolução científica dos séculos XVI, XVII e XVIII, e efetivamente promovido no curso do século XIX, com base na Revolução Industrial. Os engenheiros é que teriam assumido as posições de vanguarda daquele desenvolvimento, permanecendo os arquitetos à deriva ou, na melhor das hipóteses, sendo arrastados a reboque... Os dados históricos do período em foco, quando interpretados sem parti pris, vale dizer, sem comprometimentos academicistas e tecnicistas, revelam a presença de equívocos nas avaliações feitas pelos citados mestres da história e da teoria.
Nash: Royal Pavillion (1815 - 1821) Brighton.
Edgar Graeff – Arte e Técnica na Formação do Arquiteto As condições da formação do arquiteto na Revolução Industrial
É possível que essa visão equivocada dos acontecimentos tenha suas raízes no curioso episódio do fechamento da Academia de Arquitetura e da criação da Escola Politécnica de Paris, em fins do século XVIII, em pleno processo da Revolução Burguesa na França. A partir desse momento é que se coloca a dicotomia arquitetura x engenharia, que muitos historiadores e críticos procuram explicar através da presença ativa do "ensino oficial", subestimando, quando não ignorando de todo, o aprendizado dos ofícios na própria prática da arquitetura e da engenharia. Histórica e milenarmente, tudo o que dizia respeito à construção enquadrava-se, de