Arte e Midia
Livro: História da Arte – E. H. Gombrich
Fichamento do Capítulo 1
Capítulo 1: Estranhos Começos
Povos Pré-Históricos e Primitivos; América Antiga
Ignoramos como a arte começou, tanto quanto desconhecemos como se iniciou a linguagem. Se aceitarmos o significado da arte em função de atividades tais como a edificação de templos e casas, realização de pinturas e esculturas, ou tessitura de padrões, nenhum povo existe no mundo sem arte. Todos sabemos que existem belos edifícios e que alguns deles são verdadeiras obras de arte. Mas dificilmente existirá uma construção no mundo inteiro que não fosse erigida para um fim particular. Analogamente, é improvável que compreendamos a arte do passado se desconhecermos os propósitos a que tinha de servir. Quando mais recuamos na historia, mais definidas, mas também mais estranhas, são as finalidades que se julga serem servidas pela arte.
É impossível entender esses estranhos começos se não procurarmos penetrar na mente dos povos primitivos e descobrir qual é o gênero de experiência que os faz pensar em imagens como algo poderoso para ser usado e não como algo bonito para se contemplar. Não penso que seja realmente difícil reavermos esse sentimento. Tudo o que precisamos é sermos profundamente honestos conosco e apurarmos se em nosso próprio intimo não se conserva também algo de “primitivo”. Em vez de começarmos com a Época Glacial, principiemos por nós mesmos. Suponha-se que recortamos um retrato do nosso campeão favorito no jornal de hoje: sentiríamos prazer em apanhar uma agulha e picotar-lhe os olhos? Isso nos seria tão indiferente quanto se os furos tivessem sido feitos em qualquer outra parte do jornal? Penso que não. Embora eu saiba, com os meus pensamentos despertos, que o que eu fizer ao seu retrato não fará diferença alguma ao meu amigo ou herói, sinto, não obstante, uma vaga relutância em causar danos à sua imagem.
Os primitivos são, por vezes, ainda mais indefinidos