Arte pelo sagrado
Os seres humanos, para sobreviver, precisam organizar-se em sociedade. Ao contrário de algumas espécies animais que, em isolamento relativo, são capazes de viver de maneira razoavelmente adequada, os seres humanos não foram dotados pela natureza com a aptidão física necessária para obter, por si mesmos, as condições materiais de vida. Os seres humanos sobrevivem e progridem porque, vivendo sempre em grupos, aprenderam a subdividir tarefas e a utilizar instrumentos de trabalho. A divisão de trabalho e a acumulação de instrumentos de trabalho (ou capital), em quantidade cada vez maior e de qualidade cada vez melhor, possibilitaram ao homem ampliar extraordinariamente seu poder sobre a natureza, bem como desenvolver seu potencial para produzir e a satisfazer as necessidades materiais de vida.
A distribuição do trabalho, motivada pela necessidade, resultou também numa diferenciação dos papéis desempenhados pelos membros de uma sociedade. Nos primeiros tempos, provavelmente, essa diferenciação tinha um caráter exclusivamente funcional: quando a produtividade ainda era baixa, todos os membros da sociedade viviam próximos ao nível de subsistência, inexistindo classes sociais ou diferenciações hierárquicas. Contudo, a distribuição sempre mais aperfeiçoada das tarefas, combinadas com instrumentos de trabalho mais sofisticados, propiciaram maior produtividade que possibilitou, ao menos para uma pequena parte da sociedade, livrar-se do fardo do trabalho cotidiano.
Assim, graças ao crescimento da produtividade per capita, uma classe ociosa, numericamente reduzida, passou a viver à custa do trabalho dos demais membros da sociedade. Agora, o trabalho de um número mais restrito de pessoas rendia o suficiente para sustentar a sociedade em seu conjunto, mantendo o nível habitual de vida da coletividade ou até mesmo níveis mais elevados. Desse momento em diante, as sociedades começaram a sofrer um processo de diferenciação interna que deu origem às classes sociais. A