Iniciarei uma pequena analise, sob enfoque da Psicanálise, acerca do filme “A vida é bela” (1997), dirigido e estrelado por Roberto Benigni. Focalizarei elementos importantes da teoria psicanalítica, como o conflito edipiano, sintoma e o não-dito sempre sobre o enfoque do sujeito a emergir da criança.O filme aborda a relação pai-filho tendo como cenário a Segunda Guerra Mundial. Neste contexto a criança vivencia e experiência os horrores dos campos de concentração, discriminação racial, ao lado do pai, que por sua vez, tenta passar a criança que este mundo é um mundo lúdico, de brincadeiras, e que o que estão vivendo não passa de um jogo.Oras, onde entra a realidade nisso tudo? Ate onde o pai, usa de sua função paterna para domar a realidade de seu filho? Sob uma visão leiga, o modo cômico com que o personagem Guido (pai) revela os horrores da guerra ao filho Josué se dá pelo excesso de proteção. A criança pouco fala e experiência aquela vida de modo passivo. Como exigir que a criança fale, se ela não sabe denominar aquilo que esta vivendo? Josué não tem a “palavra justa” do pai, para denominar aquilo que vê, muito embora saiba e sinta a angustia do pai. O menino, mesmo não-dizendo, quer saber sobre o desejo do Outro e este, o pai, por sua vez, continua a ocultar do filho a realidade.E quanto a Guido, que tenta se proteger do absurdo nazista em que é submetido? Como lidar com sua ferida narcisica? Bem, durante todo o filme, pude perceber que o pai ludibria aquela realidade, passando ao filho que – mesmo vendo o real problema daquilo tudo – tudo não passa de uma brincadeira. Não sabemos que tipo de sujeito emergirá daquela criança que se vem impossibilitada de o fazer por seu pai. Josué permanece todo o filme submetido ao desejo do outro, no caso, do pai. Josué, consegue deixar de ser o porta-voz do sintoma do pai: em tese ao menino é atribuída à situação vista de forma lúdica, muito embora seja sabido que isso tudo é manifestação dos sintomas de Guido.Farei-me