Arte, filosofia e educação
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A obra de arte Perguntei a uma criança de 6 anos de idade: – Diga-me: o que é bonito no mundo? – O mundo! – Certo... Mas o que é bonito dentro do mundo? – Ah... a fazenda! – E o que há de bonito na fazenda? – Os animais... – E por que você acha que os animais são bonitos? – Eles são coloridos! A imaginação da criança vai do mundo, vasto mundo... ao detalhe concreto. E seleciona as cores como sinal irrefutável da beleza. Basta-lhe recordar o que os seus olhos já viram. Mesmo que distante do ambiente rural, “presa” dentro de apartamento, basta à criança ter apreciado os animais da fazenda na gravura de uma revista, num documentário de TV ou numa imagem da internet. A propósito, segundo o biógrafo Diógenes Laércio, indagaram certa vez a Aristóteles: “por que preferimos conversar durante mais tempo com as pessoas belas?”. E o filósofo teria respondido: “somente um cego faria esse tipo de pergunta” (Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres, v. 20). A beleza entra pelos olhos, sem pedir licença. A beleza chama a atenção, atrai olhares, causa admiração. Extasiados, podemos permanecer mudos, absortos, contemplando-a. A atitude filosófica, no entanto, vai além: reflete sobre a beleza, faz-nos
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COLEÇÃO “tEmas & EduCaÇÃO”
pensar detidamente sobre ela (descobrindo novas nuances de beleza, descobrindo que há beleza até mesmo em realidades não tão belas...), faz-nos distinguir suas qualidades, problematizá-la, levantar hipóteses a respeito de sua apreensão, faz-nos desejar produzir outras coisas belas em resposta àquele estímulo. A admiração pode e deve deflagrar o pensamento, provocar perguntas, sacudir inércias. Nesse sentido, somos todos cegos em busca de explicações sobre o poder e o mistério da beleza. Sobre o seu poder e sua eficácia educativas, se optarmos por refletir no contexto do aprendizado. De fato, o deleite estético pressupõe e provoca a inteligência, a memória, a imaginação. Não se trata de algo que afete