arte da morte
De
Artes
Nome: Daniel vieira da Silva n°:08 Série: 2°E
ARM SHIRTAcabamos de sair de um século mortal e mortífero. Morte de Deus, morte da história, morte do homem, morte da arte e quase a morte da morte. Nesse sentido, o vasto cemitério em que a teoria perambulou como um zumbi entre o sentido e o não-sentido complementa a maior e mais devastadora orgia de sangue, destruição e guerras de que a história já teve noticia. Teorizar jubilosamente sobre a morte de certas categorias pode não fazer jorrar sangue no papel, mas justifica a morte onde quer que ela esteja. Dentro da morte da arte aprofundando-se o extermínio, efetivando a “solução final”, passou-se a falar de morte do romance, morte da música, morte da poesia, morte da dança, morte do teatro, morte dos gêneros, morte do autor. Este foi um período marcado pela tanatomania. Pode-se fazer uma tanatografia e até se constituir uma disciplina — a Tanatologia, tanto a morte ocupou espaço dentro da vida.
Estamos regressando da inspeção ao nada.
A tela branca, o teatro sem ator e sem texto, a escultura invisível, a música do silêncio, a literatura sem palavras, a filosofia como jogo de linguagem, não satisfazem mais a nossa fúria de procurar o símbolo até pelo seu avesso. Estamos entediados com símbolo do não-símbolo. Com o símbolo dessimbolizado. Por isso, há quem fale da urgência da ressimbolização. Afinal ainda não se conseguiu negar que somos animais simbólicos. Até os que tentam negar isso o fazem através de símbolos.
Há que voltar aos negligenciados problemas de linguagem e à linguagem do problema. Voltar, porém, criticamente e com esse distanciamento de quase cem anos. Como diz a canção folclórica, citada por James Gleick ao estudar o caos:
Por falta de um prego, perdeu-se a ferradura;
Por falta de uma ferradura, perdeu-se o cavalo;
Por falta do cavalo perdeu-se o cavaleiro;
Por falta do cavaleiro, perdeu-se a batalha;
Por falta da batalha, perdeu-se o reino.
O