Arte cultural e arte comercial
No universo das artes existem dois territórios marcados por profundas diferenças - o Cultural e o Comercial. Entre eles, um abismo gigantesco.
Aproximadamente 90% da arte que se produz hoje é arte comercial, meramente decorativa – arte menor – sem importância cultural. Sem importância para a história da arte. Importante apenas para decoradores que de modo geral não entendem nada de arte, a não ser do quadrinho que combina com o sofá ou a cortina do cliente.
O volume é tamanho, que o público de modo geral quase não percebe a existência da arte cultural (10%), a arte importante, aquela que faz história, aquela que fica na história, aquela feita por artistas com verdadeira vocação.
A arte importante não é fruto de profissão, e sim de vocação! O profissional das artes – como de qualquer outra área – procura atender as necessidades do mercado, produzindo aquilo que está na moda, seguindo tendências e vendendo para pessoas de gosto fácil. Afinal, esses profissionais pagam as suas contas com essa atividade. Entretanto, jamais poderão sonhar em fazer parte da história ou aspirar a representar o Brasil em uma mostra internacional importante, como uma Bienal. Nunca um artista comercial foi inserido na história da arte.
Já os artistas de vocação – os poetas visuais do nosso tempo – produzem impulsivamente, retirando dessa relação energia vital de existência, criando para eles unicamente, exprimindo e traduzindo as suas verdades. Freqüentemente, românticos, rebeldes, marginais, gênios loucos, incompreendidos pela maioria, eles são elogiados e admirados por minorias intelectualizadas (críticos, historiadores e colecionadores importantes).
A opção vocacional / cultural exige coragem. Não é para qualquer um. O retorno é mais lento, porém mais sólido. Aqui as questões comerciais são conseqüências diretas da importância cultural do autor. A venda não é a finalidade. Ao final, o que os artistas culturais vendem é a sua importância, o seu