arte culinaria final

“Cortava legumes na cozinha quando ouvi vozes na porta da frente de nossa casa: uma voz feminina radiante como latão polido, e a de um homem, grave e sóbria como a madeira da mesa onde eu estava trabalhando. (...) -O que vocêestáfazendo, Griet?– perguntou ele. Fiquei espantada, mas sabia como disfarçar. – Estava cortando legumes senhor. Para a sopa. Eu sempre colocava os legumes num círculo, cada um numa parte, como fatias de torta. Havia cinco fatias: repolho roxo, cebola, alho-porro, cenoura e nabo. Usei a ponta de uma faca para fazer cada fatia e coloquei uma rodela de cenoura no centro. (...) -Vejo que separou os brancos – disse ele, indicando os nabos e cebolas. – Depois, o laranja e o roxo não estão juntos: por quê?– Pegou uma tira de repolho e uma rodela de cenoura e misturou-os como dados na mão. (...) -As cores brigam quando ficam lado a lado, senhor.” (Chevalier, 2003, p.09e 11)
Encontramos este diálogo nas primeiras páginas do romance Moça com brinco de pérola (Fig.01) da americana Tracy Chevalier, em que ela idealizou o processo de criação do quadro, que leva o mesmo título do livro, de Vermeer. Segundo a autora, o pintor holandês foi gradativamente conquistado por Griet, jovem criada de sua casa, que sabia intuitivamente como usar cores, como harmonizá-las. De acordo com Chevalier ela seria a modelo do famoso quadro.
Johannes Vermeer nasceu em Delft, Países Baixos, em 1632 e morreu na mesma cidade em 15 de dezembro de 1675. Teve certa certa notoriedade em vida mas caiu rapidamente no esquecimento após sua morte e, atualmente, é considerado, juntamente com Rembrandt e Frans Hals, um dos três maiores pintores holandeses do século XV
(Idade de Ouro Holandesa). Seus quadros são admirados pelas cores transparentes, composições inteligentes e brilhante uso da luz.
A maioria de suas obras se inscreve na tradição holandesa das paisagens e cenas domésticas, esta última desenvolvida no Seiscentos devido ao culto protestante que proibiu imagens nas cerimônias