arte contemporanea
Quando afirma que “toda a escrita é porcaria”, ele na verdade está a defender e a propor uma linguagem livre, plena, capaz de não só falar do corpo, mas também de se expressar através deste, bem como nos outros níveis de realidade das quais na nossa sociedade estamos alienados e separados.
Artaud nunca aceitou a separação da vida e obra como também varias vezes observou que aquilo que poderia ser designado como sua produção artística e literária, era um modo de reconstruir-se.
O confinamento de Artaud bem como as varias restrições que sofreu ao longo da sua vida tem razões ideológicas e devem-se principalmente ao fato de ele encarnar o papel que atribuía ao artista verdadeiro. Este sabia muito bem qual era o resultado desse conflito ideológico, prevendo desde o momento em que se situou em um “ponto de vista nitidamente anti-social”, partindo do principio de “que todo o ato é anti-social”.
A relação de loucura e criatividade é muito mais de implicação de que contradição, pelo que há que escolher entre uma linguagem ou outra, ou seja, ou se encara certos fenómenos sob uma visão psiquiátrica ou sob uma visão criativa. (“Psicologiar um criador é adotar uma postura reducionista”).
Uma grande contribuição de Artaud foi a maneira como obrigou a uma mudança de perspetiva. Existem vários argumentos contra as interpretações de Artaud utilizando conceitos psiquiátricos: um deles é a amplitude do que seria a sua loucura, pois muitas vezes vemo-nos obrigados a duvidar, nao dos momentos de não-loucura, mas sim daqueles momentos de excesso do carácter pleno dessa loucura.
Sintomas e traços de paranoia, histerismo, mania, toxicomania, neurose... - a loucura de Artaud se fosse avaliada através dos sintomas seria múltipla, parecendo muito menos coerente do que o seu pensamento.
Delirios, surtos e fantasias, sempre têm sentido, dizem algo que pode ser