Arte beuronense
Dom Emanuel d’Able do Amaral OSB
A tradição beneditina sempre esteve atenta à construção do espaço monástico, seja no seu aspecto físico, seja no seu «clima» espiritual. A Regra de São Bento, em diversas passagens, manifesta essa preocupação. Ela dá orientações seguras aos monges sobre o comportamento devido em certos ambientes extra-monásticos e insiste sobre a «gravidade» do comportamento em locais específicos. São Gregório Magno, no seu Segundo Livro dos Diálogos (cf. capítulo XXII), narra que, numa ocasião, o próprio São Bento apareceu em sonho a dois monges, determinando como deveria ser a planta de certo mosteiro.
Quando refletimos sobre o papel e a função do claustro na arte de construir um mosteiro, temos que fazer algumas considerações sobre a história da arquitetura dos mosteiros e sobre alguns aspectos da espiritualidade medieval, concernente ao que chamamos de «claustro».
A palavra «claustro» vem do latim clássico do século XIII: claustra, claustrorum e, no neutro, claustrum, que quer dizer «local fechado». Na RB a palavra «claustra» significava a clausura, de forma geral, e não especificamente o lugar do mosteiro que atualmente denominamos «claustro». Sua origem está na antiga casa romana. Era o pátio central quadrado, às vezes ajardinado, e o centro para onde convergiam as demais dependências da casa.
A partir do século VII, quando surgiram os primeiros mosteiros cristãos, esse pátio central, começou a ser usado nas edificações dos prédios religiosos. Era ao seu redor que se localizavam a igreja, a sacristia, a cozinha e os dormitórios.
Não devemos esquecer que em seguida à primeira destruição de Monte Cassino pelos lombardos, em 580, apenas 33 anos após a morte de São Bento, os monges fugiram para Roma, indo morar ao lado da Basílica de São João do Latrão. Foi nesse momento que o monaquismo beneditino fez sua primeira experiência urbana. Além disso, ao longo da Idade Média, muitas