Arquétipos e cognicao
Uma Abordagem Junguiana Para a Cognição
Luís Freire, PhD
– Então o próprio Universo aprende?
Renée Weber, filósofa. – Penso que sim. David Bohm, físico
Resumo A partir de uma base construtivista, esse artigo introduz alguns conceitos para fundamentar a idéia dos arquétipos como elementos estruturantes do conhecimento. Um desses conceitos é o de padrão organizativo, um conjunto de arquétipos que, ativados pelo sujeito a partir de pressões biológicas e/ou culturais, são utilizados por ele para organizar sua percepção da realidade. Todo padrão organizativo constitui um patamar operacional, um conjunto de arquétipos que, quando ativados, criam e participam de um campo de atividades adequado para sua manifestação e fundamentam o conhecimento do sujeito, possibilitando-lhe agir no mundo. O último conceito é o de campo de atividades: uma parte da realidade, seletivamente relacionada, onde o sujeito realiza suas atividades e que tanto atrai quanto impõe limites à manifestação arquetípica. Esses elementos constituem mecanismos através dos quais surge o fenômeno da cognição, estruturado pela incorporação dos arquétipos à vida ativa do sujeito. Introdução Sob a ótica da ciência tradicional, o mundo é visto a partir de um “observador”, o qual olha objetiva e diretamente para coisas ou eventos existentes numa realidade dele separada. Essa abordagem, chamada objetivista, ou materialista, vê a realidade como possuindo uma natureza física, destacada da atividade mental do observador. Nessa concepção, a atividade mental é um tratamento de informações linearmente recebidas do ambiente através dos sentidos, gerada pela atividade eletro-química do cérebro. Críticos dessa posição, todavia, podem facilmente cair no extremo oposto. A indeterminação encontrada na mecânica quântica, por exemplo, é freqüentemente usada por alguns comentaristas para justificar a visão de que a Mente (ou o Psíquico) “constrói” a realidade.