Arquitetura e Urbanismo
O desejo de desmaterialização da arquitetura: a plasticidade como processo
Marcela Alves de Almeida
Arquiteta, doutoranda pelo Núcleo de Pós Graduação em
Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Minas
Gerais – NPGAU UFMG, Rua Alagoas, 1015/203, Savassi, CEP
30130-160, Belo Horizonte , MG, (31)3261-5279, (31)8777-0651, marcelaalmeida25@gmail.com Resumo
Este artigo seleciona dois textos da década de 1990, “Paradigmas de fim de século: anos 1990, entre a fragmentação e compacidade” de Rafael Moneo e ‘Arquitetura Líquida’, de Ignasi de Solà-Morales, para analisá-los diante dos conceitos de matéria e forma trabalhados pelo filósofo Vilém Flusser em ‘Forma e Material’. Por meio dessa análise, pretende-se compreender as modificações provocadas pela informática nestes conceitos a fim de desmistificar discursos que apontam para o desejo de desmaterialização da arquitetura. São também apresentadas três obras que complementam o texto, exemplificando-o.
Palavras-chave: arquitetura líquida, forma, matéria.
D
esde o século XIX, a prática artística vem paulatinamente se aproximando de novos meios como a fotografia, o cinema e o computador, e de sistemas da comunicação e informação como correio, telefone, televisão e posteriormente a
Internet, influenciando o abandono, principalmente a partir dos anos 1960, da ambição de manter a arte no campo das técnicas tradicionais (GIANETTI,
2006; LÉVY, 1999).
chamadas de artísticas), isto é, desmente e destrói a própria artisticidade (ARGAN, 2000, p.07).
Essas transformações pelas quais a arte foi passando levou muitos críticos a declarar sua morte como podemos constatar através do trecho do texto de
Giulio Carlo Argan de 1964:
No entanto, em épocas de mudanças é essencial que se estabeleçam novas formas de pensamento e maneiras de assimilar e analisar os fenômenos contemporâneos (GIANNETTI, 2000; LÉVY,
Esta postura exposta por Argan esboça a preocupação