Arquitetura dos fortes holandeses de Salvador
Nesse domínio, onde não se podia fazer concessão ao supérfluo, o resultado costuma ser uma boa arquitetura, de muita pureza de formas, com arrumação harmônica dos volumes e integração perfeita com a morfologia do terreno.
Quando existiam, as concessões decorativas eram mais que limitadas: um bocel ou cordão que separava o parapeito da saia (parte inclinada da muralha, abaixo do parapeito), mas que tinha certa função prática; uma portada, com ornamentação inspirada nas antigas ordens greco-romanas, principalmente a toscana (variante da dórica); alguma moldura nas guaritas e basta
Cabe caracterizar dois momentos da poética das fortificações “modernas”. No primeiro, a construção era confiada aos arquitetos e artistas do Renascimento. No segundo momento, o encargo de fortificador passa às mãos dos engenheiros militares e a tendência à sobriedade vai se intensificando. Não que tenham se apartadoda beleza, mas a necessidade premente de contrabalançar o poder destruidor das armas de guerra apontava para o pragmatismo das soluções.
Salvador nasceu como cidade-forte ou, pelo menos, isso era o que pretendia D. João III, de Portugal, e, enquanto foi capital houve preocupação constante em defendê-la. Por esse motivo, Tomé de Sousa, trouxe consigo, em 1549, o mestre Luís Dias, experto em fortificações. Dias aplicou no terreno as “traças” (desenhos, projetos) vindas do Reino, elevando muros altos de taipa.
O crescimento vertiginoso e desordenado da cidade, especialmente a partir do século XVII, dificultava a edificação de um