ARQUITECTURA VERNACUAR E O SÉC. XXI
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ARQUITECTURA VERNACUAR E O SÉC. XXIA arquitectura vernácula surge em comunidades que procuram viver em equilíbrio com o seu meio envolvente, onde a própria Natureza é a matéria-prima. A sabedoria popular, sustentada em conhecimentos empiricos sedimentados ao longo de gerações, utilizava os materiais disponiveis localmente, onde nada era preferido, preterido ou ignorado. Com a Revolução Indústrial e consequente mudança no modo de viver das populações, assistiu-se a um abandono deste tipo de abordagem arquitectónica. Contudo, face aos problemas ambientais, sociais e económicos dos nossos tempos é urgente encontrar novas formas de construír. Para isso, talvez seja pertinente projectar o futuro observando o passado.
A água, sendo um elemento primordial à vida, cedo se tornou numa das principais preocupações das populações. A sua captação, armazenamento e gestão em locais em que este recurso é escasso, tiveram formas e tipologias variadas. A Região do Algarve, pertencente à Zona 6 no livro Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal (III volume), responsabilidade de Artur Pires Martins, Celestino Castro e Fernando Torres, mostram casos de estudo nesta região com sistemas de aproveitamento das águas pluviais ancestrais. Com influências árabes e romanas, tanto em castelos como conventos ou habitações, as soluções como açoteias e conjuntos de cisterna com eirado eram comuns.
O eirado, também denominado por eira de cisterna, surge assim descrito na obra Arquitectura Popular: “Se não é suficiente a água recolhida, recorre-se então ao eirado, que consta dum vasto terreiro, ao nível do terreno, revestido com ladrilhos e com declives para encaminhar a água das chuvas para um pequeno orifício, que comunica com o interior da cisterna, de onde será retirada por meio de uma boca semelhante à dos poços. Os eirados são sempre protegidos por um murete reçativamente baixo, e toda a sua superfície exterior é abundantemente caiada, como sucede geralmente nos terraços, a fim de