ARQUEOLOGIA DO SABER E GENEALOGIA DO PODER
Jacqueline Silva
O presente texto objetiva analisar e apresentar certa modalidade de análise do discurso proposto por Michael Foucault como um meio capaz de articular os projetos arqueológico e genealógico. O método arqueológico de Foucault estende-se à investigação da natureza do poder na sociedade, comparando-o com as formações discursivas sociais que tornam o conhecimento possível. O objeto do arqueólogo é, portanto, o discurso e parte daí para ilustrar diferentes formas de poder que controlam o indivíduo. É pela investigação dos discursos que essas formas de poder se originam e que o método arqueológico, de caráter estruturalista, se desenvolve. Segundo o próprio autor, a arqueologia do saber compreende a descrição dos tipos de discurso, isto é, o termo “arqueologia” remete, então, ao tipo de pesquisa que se dedica a extrair os acontecimentos discursivos como se eles estivessem registrados em um arquivo. Esse método será responsável pela detecção dos discursos e de sua formação histórica em um determinado campo de saber: como, em determinado campo, o discurso se formou; como surgiu e como esse discurso se legitima dentro de determinado assunto. É, portanto, a investigação histórica da ordem interna que constitui um determinado saber. Na genealogia, a análise do discurso toma um caráter político; a preocupação do autor é mostrar que o discurso manifesta e produz poder. O discurso é instrumento de poder quando possibilita seu exercício e é seu efeito quando é produzido por ele. Enfim, para o pensador francês o discurso é o espaço aonde vão se alojar o saber e o poder. O filósofo francês declara em sua obra Microfísica do Poder, que as práticas de poder estão contidas no saber. Compreende-se a partir daqui que a dinâmica do pensamento foucaultiano não implica numa mera divisão estática entre uma fase onde predomina o saber (arqueológica) e outra onde predomina