Aristóteles
Rubin Assis da Silveira Souza
RESUMO
Pretendeu-se compreender a aquisição da virtude em Aristóteles a partir da interpretação de M. F. Burnyeat. Para esse, a virtude aristotélica exige dimensões cognitivas e emocionais, sendo que ao aprendiz não basta conhecer os princípios e as regras gerais da ação, mas deve ter internalizado, através do hábito, uma vontade de praticar ações nobres e justas. Compete ao sujeito virtuoso, portanto, ter o conhecimento do que é correto (the that), assim como, subsidiariamente, a justificativa do porquê é apropriada determinada ação (the because). Da análise dessas variáveis, o autor procura esclarecer as figuras conflituosas do akratic (incontinente) e do akalastos (perverso) e elucidar a hipótese do desenvolvimento moral. Concomitantemente o artigo pretendeu introduzir o problema criminológico da ressocialização ou da pena capital, entendendo ser o argumento aristotélico ainda influente para a filosofia da virtude e jurídica hodierna e necessário quando se discutem novos paradigmas éticos e jurídicos.
Palavras-chaves: virtude; incontinente; perverso; ressocialização.
INTRODUÇÃO
Para Aristóteles, influenciado pela filosofia platônica, o relativismo sofista não possuía argumentos fortes o suficiente para justificar qualquer ética. Mesmo sua posição acerca do relativismo diferenciando-se significativamente da concepção socrático-platônica, ainda assim Aristóteles fundamenta uma noção objetiva de bem. A felicidade (a eudaimonia)1, para o filósofo, representa necessariamente a noção de bem e naturalmente os homens a buscam. Ocorre também que Aristóteles não possuía as concepções da metaética contemporânea de Moore, de indefinibilidade do bem, e da falácia naturalista. Desta forma pode justificar a sua noção de valores objetivos e naturais, os quais são estudados por Burnyeat.