arendt e a educação
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Em “Algumas questões de filosofia moral1”, a filósofa Hannah Arendt afirma o pensamento enquanto uma faculdade humana que, se não desenvolvida, pode gerar uma série de obstáculos para a vida em sociedade, na medida em que é o pensamento que produz a formação de uma pessoa que seja capaz de avaliar, sob o ponto de vista da moral, o que é certo e errado e de julgar os seus atos. É o pensamento que nos dá a condição de julgarmos uma ação no campo da prática do mal ou a sua intencionalidade de se fazer o bem. Nesse ponto, evidentemente, o que Arendt nos coloca é o pensamento como uma condição para a formação do sujeito capaz de conviver consigo mesmo a partir dos seus atos. A existência de uma sociedade que despreza, ou que não valoriza o pensamento como elemento fundamental para convivência em sociedade, como a nossa sociedade moderna, pode significar a produção e a reprodução da prática do mal como algo extremamente ordinário e, no limite, banal. Uma sociedade composta por indivíduos que não pensam sobre suas práticas cotidianas gera uma sociedade cujo colapso moral acontece sucessivamente de acordo com distintos interesses. Essa variação provocada pela ausência do pensamento gera uma espécie desenraizamento dos valores morais, posto que não há reflexão sobre os atos praticados e tampouco a busca na história, nas tradições e na cultura de um povo, por referências que possam servir como orientadoras dos atos praticados pelos seus indivíduos.
São essas as condições que permitem a existência do horror inexprimível que assombra a modernidade: o mal sem raiz. Pois o mal sempre fez parte da existência humana, porém sempre como um momento extraordinário, como uma prática que precisa ser compreendida dentro de uma determinada situação. Afinal, o que leva uma pessoa a praticar o mal?! Nesse sentido, a prática do mal sempre foi confrontada com a necessidade de se refletir e se compreender o porque da