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A CRISE NA EDUGAÇÃOI
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A crise geral que se abate sobre o mundo moderno e que atinge quase todas as áreas da vida humana manifesta-se diferentemente nos vários países, alargando-se a diversos domínios e revestindo-se de diferentes formas. Na América, um dos aspectos mais característicos e reveladores é a crise periódica da educação a qual, pelo menos na última década, se converteu num problema político de primeira grandeza de que os jornais falam quase diariamente. Na verdade, não é necessária grande imaginação _para.se avaliarem os perigos decorrentes de uma baixa constante dos padrões elementares ao longo de todo o sistema escolar. Os vãos e inumeráveis esforços das autoridades resp0nsáveis pelo controlo da situação mostram bem toda a gravidade do problema. No entanto, quando se compara esta crise na
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1 «The crisis in Education» foi pela primeira vez publicado na Partisall Review,
25, 4 (1957), pp. 493-513. Publicado em versão alemã em Fragwurdige Traditiollsbestallde im Politisclzell Dellken der Gegellwart. Frankfurt: Europaische Verlagsanstalt. 1957, o texto veio a ser de novo reimpresso em Betweell Past alld FIlture: Six Exercises ill Political TlzougTlt,New York: Viking Press, 1961, pp. 173-196, de onde o traduzimos. (N. T.)
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educação com as experiências políticas de outros países no século XX, a onda revolucionária posterior à Primeira
Guerra Mundial, os campos de concentração e extermínio, ou mesmo o profundo mal-estar que, sob a aparência de prosperidade, se espalhou por toda a Europa depois do fim da Segunda Guerra.Mundial, toma-se.-difíciLd~d~caràJ;ri- _ se na educação toda a atenção que ela merece. Com efeito, é tentador considerá-Ia como um mero fenómeno local, desligada dos problemas mais importantes do século, fenómeno cuja responsabilidade seria necessário atribuir a detenninado~ aspectos particulares da vida dos Estados