Apropriação do homem pelo estado
A soberania do Estado sempre lhe foi garantida em decorrência de sua organização social hierarquizada. Por meio de dispositivos de controle e de manipulação, o homem sempre lhe foi útil e produtivo, concomitantemente, sendo privado de sua liberdade. Não só a liberdade individual é restrita, mas também são defendidos os interesses burgueses liberais, através da perpetuação da exploração e desigualdade econômica. Segundo Proudhon, existem três grandes transcendentalidades que desapropriam as forças coletivas: o Capital, que se afirma pela propriedade com o roubo da produção, o Estado, pois tenta dar direção e se apropria da força coletiva, e a religião, que produz conformidade letárgica diante da passividade econômica e dominação política. Pretendo evidenciar aqui, partindo da perspectiva auto-gestionária, de que forma esta apropriação de corpo e mente acontece, os meios utilizados para a redução das forças coletivas de potencial revolucionário e seus efeitos dentro da sociedade moderna.
Apropriação do corpo pelo Estado
Em épocas anteriores, o soberano tinha o direito de vida e morte sobre seus súditos. Este "direito à vida" foi efetivamente um "direito de morte". Em geral, era exercido como uma forma de "dedução", que consistia no poder de confisco, no direito de apropriação. No contexto moderno, Foucault sugere que o principal interesse do poder se focaliza em “deixar viver”. É exercido exclusivamente sobre a vida, tanto para promover a vida como para promover sua abstenção.
Este novo poder sobre a vida, o que Foucault chama de "bio-poder", se da primariamente na sociedade disciplinar (XVII), e se assume em duas formas principais: na primeira forma o corpo é tratado como uma máquina; pretende interar o homem nos mecanismos de controle visando sua utilidade em geral, bem como sua docilidade – “tudo isso assegurado por procedimentos de poder que caracterizam as disciplinas - anátomo-política do corpo humano” (FOUCAULT, 1997, p.131). Esta