apresentação
Não existe imagem de pódio mais famosa na história das Olimpíadas do que essa aí em cima. Mais: essa foto é uma das mais marcantes do século 20. Ocorreu nas Olimpíadas de 1968, no México, e a história é conhecida por todos: dois atletas negros ergueram seus braços para protestar pelos direitos dos negros nos Estados Unidos. O que poucos sabem é a história de coragem, honra e suor desses três homens aí no pódio.
Em 19 segundos e 8 décimos, Tommie Smith estabeleceu o então novo recorde mundial. Um australiano chegou em segundo, e o amigo John Carlos, em terceiro. Para o momento máximo, a cerimônia de premiação, a grande surpresa. As mãos erguidas eram o gesto dos Panteras Negras, o grupo que lutava contra a segregação nos Estados Unidos, recorrendo às vezes até mesmo à violência. Sem tênis, com meias e luvas pretas, representando a pobreza dos negros, Tommie e John marcaram posição para sempre.
Em 1968, os Estados Unidos ferviam com os protestos dos negros que estavam cansados do preconceito e da segregação racial que os proibiam até de utilizar o mesmo bebedouro dos brancos. Marchas, protestos e violência de ambos os lados ocorriam por todo país. Seis meses antes das Olimpíadas, o ativista político Martin Luther King tinha sido assassinado, e os atletas negros ameaçavam boicotar as Olimpíadas caso a segregação continuasse.
Tommie Smith e John Carlos, os atletas negros na foto do pódio, tinham planejado o protesto durante os treinamentos para as Olimpíadas. Eles iriam mostrar os punhos cerrados caso vencessem a prova, a saudação dos “black power”. Uma atitude bem arriscada, já que existiam ameaças de morte de grupos conservadores americanos e o próprio Comitê Olímpico Internacional (COI) proibia qualquer tipo de manifestação política em seus jogos (o que poderia custar as carreiras deles como atletas).
O gesto irritou dirigentes esportivos, que achavam que os jogos não deveriam ser contaminados pela política. Vieram as punições