Aprendizagem
O estupro como Condicionamento Clássico
[...] Faz quatro meses que fui estuprada; Eu nunca me senti com tanto medo e indefesa. Os dois me estupraram um deles brutalmente. Depois vasculharam meu quarto em busca de dinheiro e objetos de valor. Minha amiga chegou, eles a levaram para meu quarto, estupraram-na e deixaram-nos amarradas em cima da cama.
Depois disso, nós não dormíamos uma noite sequer naquele apartamento. Nos estávamos apavoradas. Quando vou para a cama à noite sempre com a luz acessa- a lembrança deles entrando em meu quarto se repete indefinidamente... Eu tenho medo de viver na mesma cidade, eu tenho medo de que aconteça de novo, eu tenho medo de ir para a cama. Eu tenho pavor de pegar no sono [...] (extraído da correspondência pessoal, com permissão).
Ansiedade que uma pessoa experimenta quando é estuprada à noite, é natural que ocorra uma forma de condicionamento pavloviano através de pareamentos de estímulos neutros e condicionados, ou seja, estímulos neutros para gerar ansiedade, como a noite para dormir no quarto sozinha (EN), passa a serem estímulos condicionados (EC), capazes de gerar respostas condicionadas (RC) de ansiedade. Desse modo, é natural que uma pessoa sinta seu nível de ansiedade aumentar quando estiver novamente no quarto para dormir sozinha.
Na lógica do modelo de condicionamento clássico seria correto esperarmos a extinção das respostas condicionadas com o passar do tempo, se não houvesse nova exposição ao evento traumático. Para compreendermos o motivo da permanência dos padrões de respostas de ansiedade, temos de reconhecer o condicionamento operante de Skinner, que nos proporciona fatores para uma compreensão mais aprofundada do esquema pavloviano. É através dele que conseguimos entender como se mantém o esquema de respostas de esquiva, geradas pelo aumento da ansiedade. O não processamento da experiência traumática se dá pela evitação de lembranças e reações afetivas decorrentes do trauma. Quando a