Aprender economia
INTRODUÇÃO
Ao longo dos últimos dezesseis anos Aprender economia tem sido lido e utilizado no ensino. Não cabe dúvida de que a necessidade de entender o que se passa na economia está se tornando maior e mais premente. Há várias razões para isso, mas uma em particular merece destaque: a globalização das economias nacionais, que chegou ao Brasil com atraso e por isso os seus efeitos cumulativos estão arrasando empresas e desempregando milhões, inclusive um número ponderável de profissionais de nível superior, com anos de experiência.
Nem tudo que deriva da globalização é mau. O acesso a mercadorias, tecnologias, idéias e capitais de fora pode melhorar o padrão de consumo, a produtividade, a atividade cultural e o conjunto da economia. Mas tudo depende do modo como é feito. Infelizmente, neste quartel final do século vinte, a integração econômica internacional está sendo comandada, quase em toda parte, pelos interesses privados do grande capital, sobretudo do multinacional. De modo que a abertura das economias nacionais às mercadorias e capitais forâneos atropela as empresas menores ou mais frágeis e marginaliza regiões inteiras e trabalhadores de todas as qualificações, sem que estes prejuízos sejam mitigados ou compensados por alguma ação sistemática por parte de governos ou entidades internacionais.
Isso que hoje sacode a economia de todos os países não é inédito. Sob certos aspectos, é um replay da experiência de livre-câmbio que teve lugar em meados do século passado. O problema não é a integração econômica em si mas quem domina o processo e determina quem perde e quem ganha com ele (isso está discutido no capítulo 4, com desdobramentos no seguinte). Em suma, sempre que transformações estruturais da economia se intensificam, como acontece nas últimas décadas, as opções se polarizam e a decisão final acaba sendo tomada no plano político: é a sociedade organizada enquanto estado nacional