Apontamentos sobre a américa latina
APONTAMENTOS SOBRE A AMÉRICA LATINA
Almiro Petry1 (2008)2 1 Introdução Nos últimos anos houve alguns eventos importantes que marcaram o processo da trajetória na busca da autonomia dos países da América Latina3, que expressam uma tendência de romper com o “pensamento único”4, “globalitário”, “ortodoxo” e hegemônico, implantado pelas antigas elites (locais e internacionais), através das reformas neoliberais da década dos anos noventa do século passado, com a aplicação do Consenso de Washington5, doutrina da qual Hugo Chávez quer “descontaminar” o Mercosul. Esta doutrina apresentou-se como o “ponto de chegada” da História6, portanto, estabelecendo-se, pretensamente, como perene. Aliás, neste período, vários presidentes latino-americanos7 foram derrubados pelos movimentos
Mestre em Sociologia Rural (UFRGS) e Doutor em Ciências Sociais (Unisinos); Professor do Curso de Ciências Sociais da Unisinos e do Departamento de Sociologia da UFRGS (almiro.petry@gmail.com). 2 Esta versão é uma atualização da publicada em janeiro de 2007. 3 Entende-se por dois critérios: a) a América Latina como o conjunto de países e nações que têm uma cultura e uma formação histórica de origem latina, em especial seu idioma (espanhol, português e francês), localizados na América do Norte, na América Central e na América do Sul. São: Antígua e Barbuda; Argentina; Bolívia; Brasil; Chile; Colômbia; Costa Rica; Cuba; El Salvador; Equador; Guatemala; Haiti; Honduras; México; Nicarágua; Panamá; Paraguai; Peru; Rep. Dominicana; Uruguai e Venezuela. Este conceito é o mais tradicional e surgiu na Europa, já nos primórdios da colonização, identificando nações com o idioma. b) o termo América Latina corresponde também a critérios geopolíticos e econômicos, com os quais se aproximam os Estados do Continente americano de profundas desigualdades sociais e de instabilidade política e econômica. Este critério inclui também