Apontamento
O objetivo deste capítulo é discutir as considerações sobre os métodos da história no decorrer do tempo. Em se tratando de fatos situados no passado, Bloch afirma que o historiador assume posição semelhante à do investigador na reconstituição de um crime: colhe, de maneira mediata, informações por meio de testemunhas. Ele não possui acesso direto aos fatos do passado. Este tipo de problema, contudo, não se restringe apenas ao estudo do passado. No presente também, o historiador encontra-se limitado por questões de perspectiva. Pois a percepção do indivíduo encontra-se estreitamente limitada a suas faculdades sensíveis e sua capacidade de atenção. Enfim, o estudo do presente não é, neste sentido, privilegiado em relação ao estudo do passado.
Bloch põe em questão o dogma da intermediação imprescindível dos conhecimentos do historiador. Esta teoria, elaborada por historiadores mais antigos, levava como pressuposto a concepção da história como tragédia grega. Os fatos históricos deveriam ser recontados como episódios precisamente narrados. Com relação a alguns fatos, é verdade que a situação da investigação do historiador se assemelha à da brincadeira do telefone sem fio, dentro da qual ele se localiza na última posição.
Dessa maneira, a nova proposta de história de Bloch busca um afastamento da narração dos grandes acontecimentos históricos e utiliza como principais fontes os eventos do homem comum. São citados, a seguir, muitos outros objetos históricos cujo acesso se dá em primeira mão. Retomando uma comparação feita anteriormente, do ofício do historiador como reduzido a conhecer somente aquilo que lhe é trazido por relatos de um estranho, Bloch acentua que nem sempre a investigação se dá desta maneira. Por diversas vezes, é possível ao historiador vislumbrar seu objeto com seus próprios olhos.
Tomadas estas devidas considerações, Bloch descreve a primeira